A empresa de tecnologia Zoom Video Comunications voltou a negar que coletasse ou compartilhasse dados pessoais de internautas que usam sua plataforma para participar de videochamadas.
Entregue no último dia 13, a manifestação oficial da empresa foi motivada por um pedido de esclarecimento feito pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), do Ministério da Justiça. Em abril, a pasta instaurou um procedimento de averiguação preliminar para apurar indícios de que a empresa norte-americana de tecnologia repassava informações pessoais de seus clientes para o Facebook.
De acordo com a Senacon, os representantes legais da Zoom responderam que a empresa não vende informações de internautas para outras companhias – utilizando-as para oferecer seus próprios serviços e produtos. A Zoom também declarou não ter conhecimento de que a tecnologia empregada para permitir a integração entre Facebook e seu aplicativo para sistemas iOS permitiria o compartilhamento de dados.
Por envolver informações sensíveis de negócios, parte da resposta da Zoom à Senacon está protegida por lei e não foi divulgada. A secretaria informou que dará continuidade ao procedimento de averiguação.
As suspeitas de um suposto repasse irregular de informações pessoais de internautas vieram a público após o site Vice publicar uma reportagem assinada por Joseph Cox e reproduzida por veículos de notícias de vários países. A matéria de 26 de março informa que “a política de privacidade do Zoom não é explícita sobre a transferência de dados para o Facebook”.
O texto de Cox diz que, “na medida em que as pessoas trabalham e socializam em casa [por causa das restrições impostas por governos, em diversos países, devido à pandemia do novo coronavírus], o software de videoconferência disparou em popularidade”, sem que a empresa deixasse claro “que a versão iOS do aplicativo Zoom estava enviando alguns dados de análise para o Facebook, mesmo que os usuários do Zoom não tenham uma conta no Facebook”, além de “vários outros problemas de privacidade em potencial”.
Inicialmente, as acusações motivaram usuários e empresas a desinstalar o aplicativo. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu os servidores de usar a ferramenta de videoconferência nos computadores do órgão. Segundo a Anvisa, a decisão foi adotada após terem sido identificadas “possíveis falhas de segurança graves” na ferramenta.
Ainda de acordo com a agência, na ocasião, seus técnicos foram alertados por especialistas em tecnologia da informação de outros países de que as “vulnerabilidades” do Zoom Meeting poderiam ser exploradas por hackers, permitindo-lhes acessar a câmera e o microfone de outros computadores, além de facilitar o roubo de informações transmitidas nas teleconferências. Desde então, a agência priorizou o uso de plataforma corporativa que já estava em uso pela Anvisa, que também permite a realização de videochamadas.
A Agência Brasil entrou em contato com a assessoria da Zoom por e-mail, mas ainda não obteve retorno.
Em seu blog na internet, a empresa tem anunciado medidas para preservar a privacidade dos usuários. Isso inclui mudanças que, segundo a companhia, tornaram mais seguro o acesso à plataforma a partir do perfil do internauta no Facebook. De acordo com a Zoom, a medida foi adotada após a constatação, em 25 de março, de que o sistema do Facebook “estava coletando informações dos dispositivos (iOs) que não são necessárias à prestação do nosso serviço”. Segundo a empresa, essas informações não diziam respeito a atividades relacionadas às reuniões feitas por videochamada, como nomes dos participantes e anotações.
Em 1º de abril, o próprio diretor executivo da empresa Eric Yuan, reconheceu falhas na ferramenta Zoom Meeting. “Admitimos que frustramos as expectativas de privacidade, nossas e da comunidade. Por isso, peço desculpas e divido que estamos fazendo algo a respeito”, escreveu o diretor no blog da empresa, garantindo que a empresa adotaria medidas para aperfeiçoar a segurança do programa.