O presidente Jair Bolsonaro foi criticado na manhã desta quarta-feira (10) na saída do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência. Neste mesmo local, ele costuma ser diariamente cercado por apoiadores, que se revezam em palavras de apoio, pedidos ao presidente e críticas à imprensa.
Desta vez, a Ex-apoiadora Cristiane Bernart cobrou o presidente pelos posicionamentos do governo federal sobre a covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus) e participação de partidos do “Centrão” –grupo de siglas mais alinhadas pelo interesse em cargos do que por convergência ideológica– na administração pública.
“A população tem o direito de saber como que está a situação da covid. Eu falei para ele: ‘Olha, são 38 mil famílias que estão chorando neste momento. Não é só uma estatística’. E ele, como chefe de Estado, presidente da nação, presidente da República, simplesmente diz que é uma ‘gripezinha’, combina churrasco com ministro, leva tudo numa boa, finge que nada está acontecendo e o país dele está morrendo”, afirmou.
Bernart deu a declaração a jornalistas na saída do Alvorada. A cobrança que ela fez ao presidente também foi transmitida ao vivo pelo canal do YouTube “Cafezinho com Pimenta”, alinhado a Bolsonaro, que em seguida tirou a publicação do ar.
Repórteres e apoiadores costumam ficar lado a lado no Alvorada. Apenas uma grade que bate na altura da cintura separa os dois grupos. Desta vez, no entanto, os apoiadores foram chamados para dentro da residência oficial da Presidência. Eles aguardaram Bolsonaro num “cercadinho” montado próximo ao portão da entrada de carros.
Youtuber diz ser eleitora
A YouTuber participou do mesmo “cercadinho” que os apoiadores de Bolsonaro. Ela disse aos repórteres que foi aconselhada pelos seguranças a deixar o local um pouco mais cedo. No vídeo ao vivo que foi apagado pelo canal “Cafezinho com Pimenta”, o presidente declarou que Bernart disse “um monte de abobrinha”.
“Acho que eu, como cidadã, tenho todo o direito de vir aqui cobrar ele. Ele, óbvio, não me respondeu e depois ficou ali falando que eu falei um monte de bobagem. Falei meu nome e sobrenome, estou aqui dando a cara. Acho que todo tem direito de saber os dados. Nós não estamos numa ditadura. Somos um país livre. Temos o direito de saber os dados do que a população está passando com a covid e saber o que tem que ser feito”, afirmou.
Bernart declarou que o presidente não disse nada diante de suas críticas. “Só me olhou torto, eu fui a 1ª pessoa que falou. O guarda ali tirou o cartaz da minha mão, mas tudo bem também, o cartaz só tinha número [de mortes pela covid-19 no Brasil”.
Apoiadora do MBL
Ela também afirmou foi hostilizada pelos demais apoiadores do presidente:
“As pessoas ali me xingaram de várias coisas, e eu vim de boa, vim de bem, eu não vim aqui só para xingar. Vim para cobrar como uma cidadã brasileira eleitora dele. Eu me sinto realmente traída e acho que boa parte de milhões de brasileiros estão se sentindo traídos neste momento.”
Bernart disse que chegou a Brasíllia para “visitar uns amigos” e “aproveitou” a oportunidade para conhecer o Palácio da Alvorada. Afirmou que trabalha no gabinete do vereador Fernando Holiday (Patriota-SP), vinculado ao MBL (Movimento Brasil Livre), mas declarou que não integra o movimento.
“Eu trabalho, eu sou chefe, chefe não, eu tenho meu canal no YouTube, dou aula de português, professora, sou atriz também, e trabalho no gabinete do [vereador] Fernando Holiday, o vereador lá em São Paulo, que também não tem nada ver com o meu canal. Eu falo tudo o que eu quero, tudo o que penso”, disse.
A YouTuber acrescentou:
“Eu gosto do MBL, apoio o trabalho do MBL, inclusive quero apoiar o MBL no [eventual] impeachment [do presidente Jair Bolsonaro] –agora mais do que nunca. Não sou integrante do MBL, sou agregada. Gosto dos meninos, às vezes o MBL posta meus vídeos, mas não sou membro do movimento, não tenho vínculo, mas sou apoiadora.”
*Com informações do Poder 360*
