O iluminado: Marcos Rotta retorna ao tabuleiro eleitoral dando aulas de articulação

Tendo rompido com praticamente todos os caciques do Estado, Rotta mantém uma trajetória de habilidade política desde 2016.

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O vice-prefeito Marcos Rotta assinou durante a temporada de janelas partidárias, aos 45 do segundo tempo, a filiação ao Partido Progressistas (PP). Rotta entra no PP pela porta da frente e já assume a presidência regional da legenda, repetindo o fenômeno de estar em posições privilegiadas durante pleitos eleitorais, iniciado em 2016 quando estava ao lado de Arthur Virgílio Neto (PSDB) na posse da Prefeitura de Manaus.

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Rotta de colisões

Uma composição partidária no ano de 2016 colocaria Marcos Rotta como vice de Arthur Neto, pela coligação ‘Por uma só Manaus’. Naquela época, o vice-prefeito já mostrava certo descontentamento com a costura feita pelo seu antigo partido, o PMDB – hoje MDB – onde o presidente da legenda, Eduardo Braga, comunicava que se Rotta quisesse participar do pleito seria como vice ao lado de Arthur e não como candidato majoritário.

Foto: Chico Batata

Vale lembrar que Marcos Rotta, antes de fazer parte dessa composição, era deputado federal e vice-presidente do MDB, partido pelo qual foi eleito deputado estadual em 2006 e reeleito mais duas vezes antes de entrar na Câmara dos Deputados.

“Lembro-me muito bem que a mim foram dadas duas opções: ou ingressar na chapa como vice-prefeito, ou não disputar mais a eleição”, declarava Rotta à época, onde já afirmava ter sido traído por Braga e Arthur.

Mesmo atuando como vice-prefeito de Arthur, a relação já dava sinais de desgaste. O ano era 2018 e um dos primeiros feitos de Amazonino Mendes após assumir o Governo do Amazonas na eleição tampão, foi nomear Marcos Rotta para a Secretaria de Estado de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Manaus (SRMM). Naquela época, Rotta se licenciou para assumir a pasta, dando indícios de abalo em um casamento que também teria fim.

Foto: Herick Leite

Rotta em 2019 entrava ao Democratas – hoje União Brasil – deixando o PSDB, partido que entrou em 2017 substituindo o MDB por ter rompido com Braga. Mesmo tendo ‘rachado’ com lideranças e principalmente caciques desses partidos, Marcos Rotta conseguiu se alocar em menos de 4 anos em posições que lhe favoreceram em todos os cenários.

Após romper com Arthur Neto (PSDB) e Eduardo Braga (MDB), Marcos Rotta mostrou mais uma vez, em 2020, habilidade em costuras políticas. Além de compor a coligação “Avante Manaus”, a manobra lhe rendeu o posto de vice na chapa com o atual prefeito David Almeida (Avante) e mais uma vez esteve ao lado do vencedor.

Rotta afirmava que a prefeitura era comandada por Elisabeth Valeiko. Foto: Reprodução Facebook

Fim de outro casamento

No dia 7 de outubro de 2021, cerca de 2 anos após se filiar ao DEM, o vice-prefeito da capital rompia mais uma vez com a sua legenda partidária. Rotta deixava o DEM, pouco antes do partido se tornar o União Brasil após fusão com o PSL, por rumores de que Amazonino Mendes seria o candidato à governo pela sigla.

Sob a rota de ir na “contra-mão” de caciques do Estado, o político saia da sigla sem saber que, no jogo de tabela partidária, o União Brasil lançaria na verdade o governador Wilson Lima (União). Sabendo ou não da costura, a manobra de Lima colocou Amazonino Mendes em cheque, fazendo o veterano firmar legenda somente um dia antes do fim da temporada.

Foto: Diego Perez

Rotta se descompatibilizou da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) e confirmou o Partido Progressistas (PP) como nova sigla quase ao mesmo tempo que Amazonino confirmava Cidadania como partido. O mesmo PP que atualmente é a segunda maior bancada do Brasil no Congresso Nacional e que, querendo ou não faz, parte do arco de aliança do governador Wilson Lima até o último evento de filiação do União Brasil.

Futuro de Rotta

Nas próximas eleições municipais, Marcos Rotta não poderá concorrer a vice-prefeito, porque está no segundo mandato na função. Foi vice de Arthur Neto e agora é o vice de David Almeida. Conforme a legislação, não poderá, portanto, ser candidato a um terceiro mandato no mesmo cargo.

Apesar de ainda não citar disputar cargos, o vice-prefeito deve iniciar o pleito eleitoral de 2022 com bons saldos de possibilidades em qualquer cenário que pairar. Recentemente, Rotta voltou a reafirmar que não planeja até o momento disputar nem a deputado estadual, nem a federal, mas que mantém alinhamento com o prefeito David Almeida e com Ciro Nogueira – presidente nacional do partido – para dar a importância que a legenda precisa no Amazonas.

Começo político

Marcos Rotta Foi chefe de gabinete da Secretaria de Comunicação do Estado do Amazonas em 1994.

Em 1998, foi eleito pela primeira vez a deputado estadual, na ocasião filiado ao Partido Social Democrata Cristão (PSDC), recebendo 12.552 votos. Foi reeleito em 2002, recebendo 32.741 votos. Em 2006, já filiado ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), foi mais uma vez reeleito deputado estadual, desta vez com 32.178 votos. Em 2010, foi novamente reeleito para a Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), com 47.090 votos. Em 2014 foi eleito deputado federal, recebendo 117.955 votos.