O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse hoje que as relações entre Brasil e China “vão muito bem” e que não há nenhum problema de natureza política ou diplomática na questão do fornecimento de insumos para fabricação de vacinas contra covid-19.
Em entrevista ao programa “Morning Show”, da Jovem Pan, Araújo disse que a relação entre os dois países é construtiva, com grande foco no comércio. Em meio a poucas novidades sobre os avanços da imunização no país, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), possíveis adversários nas eleições de 2022, disputaram na semana passada a narrativa pela articulação com a China sobre a próxima remessa de insumos para a produção da CoronaVac.
“Existe uma diferença muito grande em certas narrativas e a realidade. Algumas correntes têm interesse em dizer que tem uma relação ruim (entre Brasil e China). A realidade é que é uma boa relação, construtiva, com foco muito grande em comércio, exportações cresceram (…) Não temos problema nenhum de natureza política, diplomática na questão dos insumos para vacinas”, disse o chanceler brasileiro.
Araújo colecionou atritos com a diplomacia chinesa, de quem o Brasil depende para receber vacinas e insumos para a fabricação de imunizantes. Em novembro, por exemplo, saiu em defesa do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que, nas redes sociais, havia associado o governo chinês à “espionagem” por meio da tecnologia 5G. Na ocasião, o presidente chegou a elogiar Araújo pela iniciativa, mas escalou outros ministros para negociar a importação das vacinas.
Araújo disse que o Itamaraty trabalha em equipe, sobretudo com o Ministério da Saúde, para viabilizar vacinas e insumos e que não há nenhum tipo de pressão.
Ele disse ainda ter confiança de continuar trabalhando “muito positivamente” com a administração de Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, que tomou posse no mês passado. Alinhado ao ex-presidente Donald Trump, Bolsonaro reconheceu a vitória de Biden nas eleições mais de um mês após o democrata ser declarado vencedor pelas projeções da imprensa local e no dia seguinte à confirmação do resultado pelo Colégio Eleitoral.
Segundo Araújo, ainda não há previsão de viagens para que Bolsonaro e Biden se encontrem mas destacou que há uma “sólida estrutura na relação” entre os dois países.
‘Presidente faz sua equipe’
O chanceler foi questionado ainda sobre a declaração do vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), que afirmou na semana passada que o governo federal poderia substitui-lo após as eleições da presidência da Câmara e do Senado, marcadas para hoje.
Bolsonaro demonstrou irritação com a fala do vice e disse que “quem troca de ministro é o Presidente da República” e que, se alguém quiser fazer isso, que se candidate na próxima eleição.
Após Mourão sinalizar a demissão, os parlamentares mostraram ter a mesma posição em relação ao chanceler. Na avaliação de líderes da Câmara e do Senado, Araújo é o pior ministro do governo Bolsonaro.
“Em relação a qualquer tipo de declaração, o presidente da República já deixou muito claro que ele nomeia ministro, ele que faz sua equipe”, afirmou o chanceler hoje.
*Com informações do UOL*