Ex-atleta Natália Falavigna comanda Taekwondo brasileiro

Natália falou sobre a escolha dos atletas para disputar o torneio

Foto: Willian Yamamoto

Chegou a hora para o Taekwondo Brasileiro, e à frente do grupo que vai disputar vagas para a Tóquio 2020 está um dos maiores nomes do país na modalidade. Medalhista olímpica e campeã mundial, Natália Falavigna é a coordenadora de seleções e falou com a Agência Brasil sobre o processo de escolha dos atletas que embarcam na madruga de hoje para amanhã (de 7 para 8 de março) para a Costa Rica para disputar o Pré-Olímpico de Taekwondo.

A competição acontece entre os dias 11 e 12 na cidade de Heredia e dará a vaga aos dois melhores atletas de cada categoria. No evento qualificatório, são disputadas apenas as categorias olímpicas. No feminino: “até 49 quilos”, “até 57 quilos”, “até 67 quilos” e “acima de 67 quilos”. E no masculino: “até 54 quilos”, “até 68 quilos”, “até 80 quilos” e “acima de 80 quilos”. Quatro atletas ainda estão vivos nessa reta final da corrida rumo a Tóquio: Talisca Reis (até 49kg), Milena Titoneli (até 67kg), Edival Marques, o Netinho (até 68kg) e Ícaro Martins (até 80kg). De acordo com Falavigna, os dois últimos anos dos atletas foram considerados. “Construímos um índice de desempenho levando em consideração o nível do torneio e a rodada alcançada pelo atleta. Além disso, a Confederação levou em consideração a qualidade dos rivais internacionais que os brasileiros teriam que enfrentar”, disse.

O funil é tão estreito que até o medalhista de bronze na Rio 2016, Maicon Andrade, ficou de fora. Uma das responsáveis pela escolha, Falavigna releva que a decisão não foi nada fácil. “São atletas que lutam em oito categorias em cada naipe nas competições mundiais que se fundem em apenas quatro nas disputas olímpicas. E a gente pôde escolher apenas duas masculinas e duas femininas. Então, não foi só o Maicon que ficou fora. A Raiany Fidelis, a Gabriele Siqueira, o “Paulinho” (Paulo Ricardo Melo) também não foram. Todos são grandes atletas, com performances excelentes, mas nós seguimos aqueles dois critérios e referenciais para formar a Seleção. Temos a consciência de que é um processo muito difícil. Até pela idade, todos eles são atletas que seguem no nosso ´radar´ para 2024″, disse Falavigna.

A expectativa da Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTkd) é igualar a maior equipe já enviada pelo país para um edição de Jogos Olímpicos, justamente a Rio 2016. Há quatro anos, Venílton Teixeira (58kg), Iris Sing (49kg), Júlia Vasconcelos (57kg) e Maicon Andrade (80kg) representaram o Brasil. ” É claro que a Confederação tem as suas metas e objetivos como grupo e seleção. Mas sabemos que eles só se tornarão realidade se a performance individual for a melhor possível. O torneio tem o peso psicológico de levar à Olimpíada, mas também tem adversários muito fortes”, projeta Natália.

Dirigente

A Natália chegou ao cargo de coordenação de seleções justamente no pior momento da modalidade no Brasil. O afastamento do ex-presidente Carlos Fernandes, a perda do repasse oriundo da Lei Agnelo Piva, pela falta de prestação de contas entre os anos de 2014 e 2016, a posterior condenação do ex-dirigente por fraude e a eleição do novo presidente da CBTkd, Júnior Maciel em 2017. Nesse ambiente a campeã mundial de 2005 começou o seu trabalho como dirigente. “Eu tive um bom professor e orientador no meu mestrado. Ele sempre dizia que a gente não pode mudar o sistema do lado de fora. É preciso estar dentro dele para começar a fazer a diferença”, lembra ela.

Essa “ entrada “ aconteceu no momento que as lesões, que perseguiram a atleta a partir de 2011, a impossibilitaram de participar dos jogos do Rio de Janeiro. “Eu comecei a trabalhar do lado de fora do tatame em 2015. Mas a participação ficou mais intensa com a chegada do Júnior anos depois. Ele me deu carta branca para que eu trouxesse as pessoas nas quais eu acreditava e os resultados começaram a aparecer.” Ela garante que procura usar toda a experiência como “sustentação” para que os atletas dessa geração possam se preocupar apenas em dar o máximo durante as lutas. “Tudo o que eu sofri e vivi, eu passo para eles para que eles cheguem o mais próximo possível do máximo do potencial, que eu sei que é gigante.” Sob à “batuta” de Falavigna, falando apenas nos quatro atletas que irão representar o Brasil no pré-olímpico, a Milena Titoneli foi campeã dos Jogos Pan-Americanos no Peru e bronze no Mundial. Também em Lima, Talisca ganhou a prata e Netinho, o ouro. As duas principais conquistas do Ícaro no ano que passou foram os vice-campeonatos nos Jogos Pan-Americano e no Campeonato Mundial.

 

*Com informações da Agência Brasil*