Enquanto o registro de novos casos de Covid-19 vem caindo no Brasil nas últimas semanas, a realidade tem sido diferente para cada faixa etária.
Compilação feita pelo (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, a partir das notificações de Síndrome Gripal, sistema implementado pelo Ministério da Saúde para registros de casos leves e moderados da doença, mostra que a proporção de jovens entre os novos infectados pelo coronavírus tem crescido, especialmente nos últimos meses, em duas faixas etárias: brasileiros de 6 a 19 anos e de 20 a 29, as únicas em ascendência.
Em maio, dos mais de 79 mil novos infectados, 4,3% tinham entre 6 e 19 anos e 16,3%, entre 20 a 29. Um mês depois, as taxas subiram para 6,2% e 17,7%, respectivamente. No cenário de setembro, os números chegaram a 7,3% e 18,7%.
“Os jovens adultos estão no grupo mais ativo da sociedade. Eles acabam visualizando um risco menor e se expondo mais, menosprezando o risco, já que estão no grupo com menor número de mortes. E as crianças têm dificuldade muito grande por conta do entendimento básico de biossegurança, a importância de não tocar no rosto, de não conseguir manter a rotina adequada de uso de máscara e higienização das mãos”, explicou Jonas Lotufo Brant de Carvalho, epidemiologista e professor do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília (UnB).
Os mais velhos, entretanto, conseguiram manter a quantidade de infectados sem grandes variações após superarem pico no início da pandemia. No quinto mês do ano, por exemplo, os brasileiros de 60 a 69 anos corresponderam a pouco mais de 7% dos novos casos confirmados. Agora, o valor segue praticamente o mesmo.
Rastro do vírus no Brasil
As variações nas taxas de acordo com a idade dos infectados permitem entender como se dá a disseminação do Sars-COV-2 no Brasil. Não é nenhuma novidade que o vírus chegou por aqui com tudo entre os adultos de 30 a 59 anos. Nos meses seguintes, no entanto, a porcentagem entre eles foi caindo gradativamente.
Já para a população mais jovem, julho e agosto, os meses com mais novos novos casos em todo o país, foram o pico.
O cenário atual havia sido previsto pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ao acompanhar os números dos país onde o coronavírus chegou mais cedo. “Pessoas de 20, 30 e 40 anos estão aumentando consideravelmente a disseminação. Isso aumenta o risco de contaminação de pessoas mais vulneráveis”, disse o diretor regional do Pacífico Ocidental, Takeshi Kasai, durante coletiva no fim de agosto.
Dados do ministério
Os dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), são oriundos do sistema e-SUS NOTIFICA, que foi desenvolvido para registro de casos de Síndrome Gripal suspeitos de Covid-19. Por lá, é possível acompanhar se as ocorrências deram positivo para a doença.
Porém, não apresentam informações de estados e municípios que utilizam sistemas próprios de notificação de casos suspeitos de Covid-19 e, portanto, podem apresentar informações distintas e não atualizadas.
*Com informações do Metropoles*