A lembrança dolorosa de 63 mortes de policiais e bombeiros militares durante a pandemia de covid-19 paira sobre as famílias enlutadas e os irmãos de farda. Em homenagem a esses heróis, as Associações da Polícia e Bombeiro Militar do Amazonas realizaram, nesta sexta-feira (25/08), no Dia do Soldado, uma manifestação em memória as praças e oficiais da Polícia Militar do Amazonas (PMAM) e do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) que foram vítimas da doença. O tributo também foi marcado por críticas a gestão de Wilson Lima e a cobrança de promessas de campanha do governador do Amazonas.
A praia da Ponta Negra foi o palco da homenagem. Mais de 60 cruzes foram colocadas na areia para representar os policiais e bombeiros que vieram a óbito pelo coronavírus. O Amazonas foi registrado como o terceiro estado com mais policiais mortos por covid-19.
Faixas e mensagens das Associações foram exibidas durante a manifestação e mostravam aos presentes a insatisfação de toda uma categoria com a atual gestão estadual, comandada pelo governador Wilson Lima.
De acordo com o presidente da Associação dos Oficiais da Polícia e Bombeiro Militar do Amazonas (AOPBMAM), major Frederico, o dia 25 de agosto é uma data que simboliza não apenas a função do soldado, mas de toda uma categoria de militares.
“Todos nós, independentemente da graduação e do posto, somos soldados. O que nós queremos hoje é demonstrar que jamais cairá no esquecimento a vida desses profissionais, que no cumprimento da missão tombaram, servindo e protegendo a sociedade amazonense. Suas famílias hoje ainda choram pela ausência dos seus entes queridos e nós temos o dever de que isso não caia no esquecimento. Pra isso, nos unimos hoje, perante a sociedade civil, para demonstrar que temos que lutar pelos nossos direitos. Precisamos, dentro das demandas que temos pendentes juntos ao governo, que sejamos atendidos e lembrados. Tudo que está sendo pedido está previsto em lei, é um direito legítimo. Há legitimidade em nosso pleito e não podemos esquecer disso”.
Desde o dia 21 de abril, data em que estava prevista o anúncio da data-base e que em mais um ano não foi cumprida, as Associações vêm se reunindo em ações para cobrar as pautas de interesse dos policiais e bombeiros militares da ativa e da reserva. Segundo o presidente da Associação das Praças da Polícia e Bombeiro Militar do Amazonas (APPBMAM), sargento Igo, a ação desta sexta-feira marca o início da segunda fase da operação ‘uso progressivo da força’, para chamar a atenção do Governo do Amazonas para a solução das pautas que envolvem as duas categorias militares da Segurança Pública.
“Meus amigos, vocês que vieram prestigiar esse evento, nesse momento, eu quero dizer aos senhores, essa é a segunda fase da operação. Estamos aqui, aumentamos o tom, sabe por que meus amigos? A Polícia Militar e os Bombeiros não trabalharam em home Office. Quando eles diziam ‘fiquem em casa’, nós fomos para a rua trabalhar. Foi a Polícia Militar e os Bombeiros que garantiram o lockdown, que seguraram esse Estado, que salvaram vidas. Tem alguém nessa praia que foi socorrido pelos policiais, eles morreram dando a vida pelos senhores, por nós. E tudo que nós queremos é reconhecimento, é saber que essas vidas perdidas não se perderam em vão. Que os heróis que se foram sejam valorizados”, disse o sargento Igo.
O presidente da Associação de Subtenentes e Sargentos da Polícia e Bombeiros Militares do Amazonas (ASSPBMAM), sargento Pereirinha, ressaltou que o atraso das datas-bases está tirando o poder aquisitivo da mesa dos policiais e bombeiros militares. “O governo não vê a polícia e o bombeiro com bons olhos. Não é um bom dia esse 25 de agosto. Em outras datas nós comemoramos com fogos, com as famílias alegres e policiais motivados. Mas hoje viemos homenagear aqueles companheiros que se foram”, disse Pereirinha.
O presidente da Associação de Policiais e Bombeiros Militares da Reserva Remunerada (R/R Justiça), subtenente Loureiro, destacou que as instituições militares estão ao lado da população e que os cidadãos podem confiar e contar com elas. “Estamos homenageando aqueles guerreiros que poderiam estar aqui, mas foram embora. Eles cumpriram sua missão e nós não podemos deixar no esquecimento, porque o trabalho foi feito. A Polícia Militar e os Bombeiros sempre vão estar ao lado da população, mas pra isso nós pedimos ao senhor governador do estado do Amazonas a nossa data-base. A nossa parte nós estamos fazendo”.
Para o presidente da Associação de Policiais e Bombeiros Militares da Reserva (APBMIR), subtenente Tinoco, o dia em homenagem aos soldados poderia ser de outra maneira, se as promessas estivessem sendo cumpridas. “Estamos vendo aqui seis dezenas de policiais militares que faleceram devido a covid-19. Deixaram as suas famílias e hoje nós continuamos essa batalha pela nossa qualidade de vida. É uma pena que estejamos com três datas-bases atrasadas. Pedimos ao governador Wilson Lima que nos atenda e nos chame para conversar”, afirmou Tinoco.
O pastor Renildo, membro da Igreja Universal, realizou um momento de oração em memória dos policiais mortos. Ao som de toques de cornetas, o tributo trouxe um momento de comoção a todos os presentes e foi encerrada com fogos de artifício junto às cruzes que representavam os homenageados.
(*) Com informações da assessoria