Vereador afirma na Câmara que políticos são procurados por facções em época de eleição

Vereador explica que chegou a ser procurado durante sua campanha

MANAUS, 17/03/21 VEREADOR KENNEDY MARQUES (PMN) DISCURSANDO NO PLENARIO DA CAMARA MUNICIPAL DE MANAUS. FOTO: ROBERVALDO ROCHA / CMM

O vereador Kennedy Marques (PMN) disse durante a última semana em sessão da Câmara Municipal de Manaus (CMM), que é comum facções criminosas procurarem candidatos em época de eleição em busca de “apoio”. As declarações do vereador ocorrem em meio à polêmica de que o prefeito David Almeida (Avante) teria recebido um lobby eleitoral de facções durante as eleições de 2020.

“Nós sabemos que em período de campanha, sim, facções criminosas procuram [os candidatos], eu fui procurado durante minha campanha. Pessoas, cabos eleitorais, muitas vezes desinformados, vêm trazer situações, onde determinado grupo criminoso busca apoio”, disse o vereador.

A fala ocorreu em discurso na tribuna na última segunda-feira (31). Na ocasião, os vereadores discutiam se aprovavam ou não um requerimento que pedia informações de David Almeida (Avante) sobre um relatório de inteligência da Secretaria de Segurança do Estado (SSP) que apontou supostas tratativas de criminosos com a campanha do prefeito, em 2020.

O requerimento acabou sendo aprovado.

David Almeida e o relatório

Em pronunciamento no dia 28 de outubro, o prefeito disse que o conteúdo do relatório é uma farsa. No mesmo dia, em coletiva, o secretário municipal de Segurança Pública da Prefeitura de Manaus, Sérgio Fontes, disse que o relatório foi produzido pela Secretaria de Inteligência do Estado do Amazonas (Seai) quando o órgão estava “tomado por uma organização criminosa”.

Fontes afirmou que o documento de 63 páginas é oficial, mas as informações que indicam relação entre David e seu vice Marcos Rotta (Progressistas) com membros do Comando Vermelho são falsas.

O secretário e o procurador do município Ivson Coelho disseram que pediram informações ao Governo do Amazonas para identificar quem atuou na investigação que resultou na produção do relatório.

“Ele [documento] é formalmente verdadeiro, porque foi produzido na Seai, mas é só isso. Ele só é formalmente verdadeiro, ele é ilegítimo na sua essência, e é isso que a gente quer colocar”, afirmou o secretário municipal de Segurança. Ele informou que até hoje não se tem notícia de nenhuma investigação que se tenha resultado das informações contidas no relatório. “Veio do nada e foi pro nada”, completou Fontes.

“Infelizmente, a Seai, na época que o relatório foi elaborado, estava tomada por uma organização criminosa, que foi desbaratada pelo Ministério Púbico na operação ‘Garimpo Urbano’, o seu secretário executivo foi preso, e outros 5 policiais foram presos nessa mesma operação. A Seai, infelizmente, estava sendo utilizada como uma ferramenta para cometer crimes”, acrescentou o secretário municipal de Segurança.