Chefe é suspeito de assassinar funcionária após meses de assédio moral

Um homem que trabalhava como supervisor da jovem na fábrica teria confessado o sequestro e o assassinato de Kathiravel e, segundo a família da vítima.

Chefe é suspeito de assassinar funcionária após meses de assédio moral
Foto: Divulgação

A jovem Jeyasre Kathiravel, de apenas 20 anos, era funcionária de uma fábrica que produzia para a empresa multinacional de origem sueca H&M, gigante no ramo da moda, no estado de Tamil Nadu, no sul da Índia, quando foi encontrada morta perto de sua casa no dia 05 de janeiro. Um homem que trabalhava como supervisor da jovem na fábrica teria confessado o sequestro e o assassinato de Kathiravel e, segundo a família da vítima, ele já vinha intimidando e assediando sexualmente a funcionária por meses antes do crime final, e ela teria sido também estuprada antes de ser morta. Segundo consta, a H&M estaria iniciando uma investigação independente sobre o caso.

A família de Kathiravel se juntou a um sindicato representante das funcionárias mulheres da fábrica Natchi Apparel para denunciar o fato de que a jovem teria tentado reportar o que vinha ocorrendo no trabalho, mas que nenhuma atitude por parte da empresa foi tomada. A denúncia afirma que a violência de gênero, a misoginia e o assédio sexual são práticas endêmicas dentro da fábrica. “Muitas trabalhadoras com quem falamos disseram que enfrentam o mesmo problema, mas ou não sabem como reportar uma acusação contra um superior, ou tem medo do falar e enfrentar retaliações”, disse Thivya Rakini, representante do sindicato.

Segundo a família, Jeyasre Kathiravel trabalhava na fábrica há mais de 2 anos, a fim de pagar seus estudos. “Ela foi a primeira da família a ter chance de uma vida fora das fábricas de vestuários”, afirmou Muthulakshmi Kathiravel, mãe da vítima. “Minha filha me disse que estava sendo torturada no trabalho. Eu não quero que a filha de outras pessoas sofram o mesmo destino”, afirmou. A H&M afirmou conduzir uma política de tolerância zero contra violência de gênero nas fábricas com que trabalha, e por isso estaria iniciando a investigação independente, mas grupos por direitos trabalhistas na região afirmam que a política da empresa falhou e por isso a jovem foi morta – a empresa é acusada de negligência e omissão diante da situação apontada antes do assassinato.

“Acreditamos que os casos contínuos de assédio sexual que nos foram reportados, seguidos do estupro e assassinato de Jeyasre Kathiravel é resultado direto da ineficácia da H&M em responder ao extremo e generalizado quadro de violência baseada em gênero e as diversas violações da liberdade contra trabalhadores em Natchi Apparel”, afirmou Anannya Bhattacharjee, coordenadora internacional da Asia Floor Wage Alliance (AFWA), grupo internacional pelos direitos trabalhistas. Um porta voz da H&M enviou condolências à família da vítima e afirmou que estão estabelecendo, além da investigação, “ações imediatas e urgentes para demonstrar como garantir um ambiente de trabalho livre de assédio”. Um boicote vem sendo proposto pelas redes da H&M, com a popularização da hashtag “Justiça por Jeyasre Kathiravel”.

 

*Com informações do Hypeness*