Projeto político do Qatar passa pela final da Champions League

Disputar a final da Champions League não era apenas um objetivo esportivo no PSG. O jogo também cumpre um objetivo político para os donos da equipe.

Projeto político do Qatar passa pela final da CChampions League
Foto: Divulgação

Disputar a final da Champions League não era apenas um objetivo esportivo no PSG. O jogo também cumpre um objetivo político para os donos da equipe.

O clube foi adquirido pelo Qatar em 2011 e, desde então, 1,2 bilhão de euros foram investidos em jogadores para garantir competitividade ao clube. A meta jamais foi a de ganhar o campeonato francês. Mas sim a de chegar à final da Champions League e se transformar no principal time do continente.

Em vários momentos, o projeto foi adiado. Adiado pela qualidade dos concorrentes. Adiado pela incapacidade de se montar uma verdadeira equipe. O PSG levou solavancos e foi criticado. Não faltaram escândalos de corrupção, abertura de inquéritos e denúncias. Mas, como dizem experientes negociadores, o tempo da diplomacia e da política externa não é o mesmo da cobrança dos torcedores e da imprensa por resultados imediatos. E o Qatar sabe disso.

A realidade é que, diferentemente da motivação dos novos ricos da China ao investir no futebol ou da fortuna da oligarquia russa, o dinheiro qatariano ao PSG cumpre outra lógica: a de construir uma nova imagem no mundo e garantir sua legitimidade.

Há 20 anos, o esporte havia sido escolhido como instrumento de poder e influência do Qatar no cenário internacional. O futebol, mais precisamente, passou a ser para o Emir Hamad bin Khalifa al Thani parte de sua política externa.

O projeto PSG não ocorre de forma isolada. A iniciativa que abriu as portas do país para o futebol foi a Aspire, uma espécie de academia por onde jovens passariam para chegar ao esporte de elite. Craques como Lionel Messi emprestariam sua imagem para fazer publicidade do centro de treinamento.

Outra etapa ainda foi o patrocínio ao Barcelona, camuflado em um primeiro momento com um nome de uma fundação obscura e, em seguida, pela Qatar Airways. Nos anos seguintes, a empresa proliferaria patrocínios em outros times, entre eles o concorrente alemão do PSG neste fim de semana. Não por acaso, a companhia já chama o jogo de “Qlassico”.

O auge dessa operação de sedução do Qatar foi a vitória do emir na corrida para sediar a Copa de 2022, superando a candidatura favorita dos EUA. Numa decisão anunciada em dezembro de 2010, a Fifa abriu um dos períodos de maior polêmica na história dos Mundiais e que levaria a acusações de compra de votos. O gesto custou caro e, para muitos, foi o início do interesse da Justiça americana nas contas nada transparentes da entidade do futebol.

Apesar da queda de cartolas e das denúncias, o Qatar conseguiu por enquanto manter sua copa. O ex-presidente da Fifa, Joseph Blatter, garante que aquele foi o momento em que a política falou mais alto. Segundo ele, a vitória foi decidida um mês antes do voto, no palácio do Elysée, em Paris.

O emir Tamim bin Hamad al Thani se reuniu com Nicolas Sarkozy, presidente da França naquele momento, e Michel Platini num encontro que abriu inquéritos e foi alvo de amplo debate. Platini, anos depois, confirmou que, depois daquele encontro, modificou o voto da Europa para a escolha da Copa de 2022, o que definiu o Qatar como vencedor. Mas jamais aceitou a tese de corrupção.

 

*Com informações do Uol*