Em pesquisa para a presidência, Mandetta aparece à frente de Doria e Amoêdo

Com 6,8% das intenções de voto, Mandetta aparece numericamente à frente de outros nomes já posicionados há mais tempo na política nacional

Em pesquisa para a presidência, Mandetta aparece à frente de Doria e Amoêdo
Foto: Agência Brasil

O ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM), que foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro há pouco mais de duas semanas, em meio à pandemia do coronavírus, teria um bom desempenho caso desejasse disputar a Presidência da República em 2022, segundo levantamento exclusivo feito pelo instituto Paraná Pesquisas.

Com 6,8% das intenções de voto, ele aparece numericamente à frente de outros nomes já posicionados há mais tempo na política nacional, como o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que neste cenário teria 4,4% dos votos – eles estão empatados tecnicamente porque a margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

“A imagem dos candidatos é construída em grande parte por meio do currículo deles. O Mandetta tem um currículo curto, mas fantástico. Até hoje é o ministro, em memória, melhor avaliado governo Bolsonaro. Não acredito que esse potencial eleitoral tende a desaparecer. Eu diria que o Mandetta é um nome com potencial para alcançar dois dígitos na eleição, em função do desempenho que teve como ministro”, diz o cientista político Antonio Lavareda, especialista em pesquisas de opinião.

O levantamento do Instituto Paraná foi feito entre os dias 26 e 29 de abril e já captou os efeitos de sua saída, no dia 16 de abril, do avanço do coronavírus pelo país e da crise política desencadeada com a saída rumorosa do ex-juiz Sergio Moro do governo.

Mandetta também aparece empatado – mas numericamente à frente – com João Amoêdo (Novo), que foi o quinto colocado na disputa presidencial de 2018 e se tornou a surpresa da corrida ao Palácio do Planalto que acabaria consagrando Bolsonaro. O ex-ministro da Saúde aparece à frente ainda – e fora da margem de erro – dos governadores do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), que tem 1,1% das intenções de voto, e do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), que consegue 1,4% (veja quadro abaixo).

“O Mandetta soube aproveitar a exposição que teve para se comunicar bem com a população. É o contrário do Doria, que tem exposição, mas fica com o potencial eleitoral muito restrito a São Paulo. Resta saber como o Mandetta irá manter esse capital. Como ele irá sobreviver politicamente sem cargos? Como ele irá se manter na mídia? É um fato que se o Brasil enfrentar uma situação de calamidade pública em função do coronavírus, o Mandetta ficará no imaginário da população como o ministro que estava certo”, afirma Murilo Hidalgo, diretor do instituto Paraná Pesquisas.

Até se tornar a figura pública mais conhecida do país no combate à Covid-19, com suas entrevistas quase diárias envergando o colete do SUS (Sistema Único de Saúde), Mandetta era um político pouco conhecido. Médico, foi secretário estadual de Saúde de Campo Grande (MS) entre 2005 e 2010, quando era filiado ao MDB (então, PMDB), na gestão do prefeito Nelsinho Trad (na época também do PMDB, hoje PSD).

Se elegeu deputado federal pelo DEM em 2010 e foi reeleito em 2018. Como parlamentar, votou pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT) e pela abertura de processo de cassação do sucessor dela, Michel Temer (MDB). Médico e católico, votou contra a legalização do aborto, mas defendeu a legalização da maconha medicinal.

Em 2018, anunciou a sua aposentadoria política e desistiu de disputar a reeleição para a Câmara dos Deputados, mas voltou ao tabuleiro político ao ser indicado pela Frente Parlamentar da Saúde para ser ministro da Saúde de Bolsonaro, cargo que exercia com discrição até a eclosão da crise do coronavírus.

Durante a pandemia, teve momentos de tensão com o presidente ao defender o isolamento social como uma ação importante para conter o avanço da Covid-19 – medida recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e adotada nos principais países do mundo.

Bolsonaro era contra – menosprezava a doença, que chamou de “gripezinha”, e temia o impacto na atividade econômica – e confrontava ostensivamente a política do seu ministro, saindo para passear por Brasília, provocando aglomerações e apoiando a realização de manifestações de rua em favor do seu governo.

*Com informações da Veja*